sexta-feira, 1 de agosto de 2008

AVELÃS DE CAMINHO - Património Cultural

Grande parte do património e da arte existente em Avelãs de Caminho, encontra-se localizado na Igreja e na Capela do Nosso Senhor Dos Aflitos.


  • Arquitectura Religiosa:
- Igreja Paroquial:

É Santo António o Padroeiro da nossa Igreja Paroquial. A Igreja Paroquial de Avelãs de Caminho, embora só tenha começado a construir-se em 1698 preserva no seu interior peças bem mais antigas.
No livro das visitas pastorais e conforme descrito no respectivo arquivo paroquial, no primeiro decénio do séc. XVIII a igreja foi refeita, contribuindo para a reconstrução da capela-mor, como lhe competia por ser padroeira, a abadessa de Santa Clara de Coimbra.
Contudo, nos meados do mesmo século esta já se encontrava novamente em mau estado pelo que se procedeu a obras de vulto. Desta forma, o conjunto actual pertence ao final do séc. XVIII.
Segue as disposições comuns, levantando-se-lhe à esquerda da fachada a torre e estendendo-se-lhe pelo mesmo lado os anexos correntes.
O arco-cruzeiro data da reforma setecentista final, como o coro alto, que assenta em três arcos sobre pilares.
A pia baptismal, de calcário, é anterior, aos sécs. XVI-XVII, pensa-se ser Setecentista, muito embora pareça anterior.


A porta principal compõe-se de elementos de duas épocas: o vão, de verga curva, do séc. XVIII final; a parte que lhe fica acima, que é da primeira década do séc. XVIII, com entablamento direito, pequeno remate formado de nicho ladeado de pilastras e acompanhado de aletas, com frontãozito interrompido da primeira década do séc। XVIII।







No friso da porta foi gravado: “NON EST HIC ALIVD NISI DOMVS DEI & PORTA CAELI,” que significa: "Esta é a casa de Deus".
Naquele nicho da porta, abriga-se urna escultura de pedra St. António, gótico, dos sécs. XV-XVI.

A torre teve alterações ou acabamentos no séc. XIX. Sobe-se inicialmente por uma escada helicoidal, posta num corpo cilíndrico, saliente e entalado no ângulo reentrante posterior.
O retábulo principal, de madeira, do final do séc. XVIII, tem camarim e duas colunas.
Mostra o escudo dos padroeiros, corno ficou dito. Fecha a tribuna uma tela com St. António, do séc. XIX, obra comum.
Os colaterais, de duas colunas, pertencem ao neo-clássico do séc. XIX avançado.
Entre as esculturas de pedra anotámos: um Santo-eremita (a que chamam S. Bento) do princípio do séc. XVI, gótico, representado de rosto vincado, loba de pregas direitas; Virgem com o Menino e S. Benedito, do séc. XVII, obras artesanais.
De madeira: St. António, do séc. XVIII, segunda metade, gracioso; Virgem com o Menino, do séc. XVIII final, regular e bem estofada; um S. Sebastião, do séc. XVI avançado.
Existe ainda um pequeno lavabo de pedra na sacristia, mutilado, do séc. XVII, aonde gravaram posteriormente 1781; um sacrário avulso, pequeno, mutilado, de madeira dourada, do séc. XVII final.

In "Inventário artístico de Portugal” – VI, Distrito de Aveiro, Zona Sul, 1959
GONÇALVES, A. N. p. 72/73



- Capela do Nosso Senhor dos Aflitos:

A capela do Senhor dos Aflitos, a norte da povoação e à beira da estrada, reformada várias vezes, conserva uma porta de tipo setecentista, podendo ser dos princípios do séc. XIX. Gravaram-lhe a data de 1879. Lê-se num degrau da mesma porta a de 1826.

O pequeno retábulo de madeira, em neo-clássico, da primeira metade do séc. XIX, foi mandado pintar em 1884.
O Cristo crucificado, de calcário e escultura coimbrã, é dos meados do séc. XVI, equilibrado ainda, imitando certo modelo conimbricense.

Há restos duma casa do séc. XVII, vendo-se uma janela, cuja verga é horizontal e decorada dum tema de dois SS contrapostos, além duma outra janela de avental rectangular.


Porta de tipo setecentista com data gravada de 1879
Lê-se num degrau a data de 1826

In “Inventário artístico de Portugal” – VI, Distrito de Aveiro, Zona Sul, 1959
GONÇALVES, A. N. p. 73




        • Arquitectura Administrativa:
        - Pelourinho:



        Situado na entrada sul da freguesia, no Largo do cruzeiro, é em torno dele que anualmente três procissões o circundam, dado o seu valor histórico e religioso. Em torno deste existe uma área de lazer muito aprazível, com bancos de jardim em toda a sua extensão, que muitos escolhem para descansar. È igualmente um local de paragem para os peregrinos, que aproveitam o seu espaço para repousar e recuperar energias.





        - Busto:

        Em bronze, em frente da capela a Henrique Marques Moura e outro na escola a António Ribeiro Seabra, representam a homenagem da povoação a estes beneméritos.

        Busto em homenagem a Henriques Marques Moura
        Largo Nª Srª dos Aflitos


        - Chafariz:

        No centro da povoação, o chafariz, em pedra de Ançã, que se pensa ser do 2° quartel do século XIX.
        O nosso chafariz é intemporal. Teve a sua época áurea até um passado recente, enquanto das suas bicas brotou água cristalina.
        Hoje, vítima do progresso e sem a funcionalidade de outrora, marca presença e continua sendo um ponto de referência da nossa terra.
        Situado no coração da aldeia mesmo à berma da estrada mitigou a sede a passantes e peregrinos.
        Quantas gerações se criaram com a água da nossa fonte! Era buscada em cântaros ou canecas, para uso doméstico, transportada à cabeça com mestria e elegância, quase sempre por moças airosas, na flor da idade, que procuravam ansiosas o momento de sair para ir à fonte, na esperança de encontrarem o namorado ou pretendente, para dois dedos de conversa ou um beijinho furtivo o que, à época, era já um grande atrevimento.
        A evolução tirou-nos o encanto destes actos simples que faziam parte do social de então e, embora o luar seja o mesmo e o murmurejar da fonte continue a ouvir-se, ela não nos mata a sede nem do corpo nem da alma.

        Porém, na nossa memória continua viva a recordação do passado, a frescura e pureza da sua água, fonte de vida, contrastando com a que no dia a dia nos sai das torneiras, bem tratada, é certo, mas que não nos inspira qualquer quadro romântico semelhante àquele em que o cântaro a encher na bica suavizava as agruras dum povo que mourejava de sol a sol.


        • Arquitectura Civil:
        - Relatos Históricos relacionados com o paço real:

        Ao longo da história, Avelãs de Caminho aparece quase sempre referenciada como um importante local de pouso Real. Não raras vezes, a Comitiva Real ficava instalada no Paço aqui existente, do qual hoje são escassos os vestígios.
        No entanto é inegável a sua existência e importância. Aqui se passaram episódios importantes da história de Portugal, como o que a seguir se relata:
        "No início do século XIII, D. Maria Paes Ribeira, de alcunha a Ribeirinha, oriunda de uma das mais nobres famílias portuguesas, foi protagonista de um grande romance de amor com D. Sancho I, Rei de Portugal, numa altura em que o concubinato era prática comum entre príncipes e nobres. Assim, a famosa Ribeirinha, que era detentora de uma quinta em Avelãs, recebeu a triste notícia que seu amante havia falecido. Com a morte de D. Sancho I, a Ribeirinha decidiu vir para a sua quinta em Avelãs juntamente com seu irmão, Martin Paes da Ribeira. Na cola deles veio o Governador D. Gomes Lourenço, descendente de Egas Moniz - que tinha sido mordomo-mor de D. Afonso Henriques - , que andando de cabeça perdida pela Ribeirinha, raptou-a e levou-a para Espanha. Os parentes da Ribeirinha, pela influência que tinham na corte, fizeram chegar o caso às mãos do Rei de Leão, que ordenou a morte de D. Gomes Lourenço. "
        Dois séculos mais tarde, em 1428, mais um episódio volta a envolver o famoso Paço Real, desta vez a envolver os filhos de D. João 1- D. Pedro, D. Henrique e D. Duarte, futuro rei.

        "Numa noite de Setembro de 1428, D. Pedro dirigia-se a Coimbra para assistir ao casamento de D. Duarte com a Princesa D. Leonor de Aragão. D. Duarte e D. Henrique que se encontravam já no Paço Real de Avelãs, foram ao seu encontro tendo dormido ali o futuro Rei D. Duarte em companhia de seu irmão D. Pedro, enquanto D. Henrique seguiu para Coimbra para preparar a recepção aos irmãos para o casamento que se iria realizar uns dias mais tarde.”

        Em Março de 1338, D. Afonso IV, fez doação desta povoação ao Mosteiro de Santa Clara de Coimbra, que parece ter incrementado bastante o povoamento da terra. Já em 1137, D. Afonso Henriques tinha doado a região, correspondente ao actua1 núcleo central da Bairrada, aos monges de Santa Cruz (no sentido de obter simpatias da Igreja), o que é relevante para se poder perceber a importância desta região há quase 900 anos.

        In “Avelãs de Caminho – sua terra e suas gentes” Edição de 2003

        (Painel de meados do séc. XX do Largo de Avelãs de Caminho)

        - Largo Nossa Senhora dos Caminhos:

        Situado na zona norte da freguesia, junto à EN 1, neste espaço, outrora cemitério paroquial ( 1874-1924), foi criado um jardim com uma capelinha em honra da Nossa SRª dos Caminhos, onde muitas pessoas manifestam a sua fé, através da oração. A este local foi dado o nome de Largo de Nossa Senhora dos Caminhos, tendo sido esta a imagem escolhida por todo o significado que a nossa terra representa, "o caminho", E porquê “ caminhos “? Porque é invocado o seu auxílio e protecção a todos os passantes e peregrinos que atravessam a nossa hospitaleira terra. Para outros um local de lazer e descanso pois o espaço oferece as condições ideais.


        Largo Nossa Sra. dos Caminhos










        Capelinha da Nossa Sra. dos Caminhos

        (Avelãs de Caminho - vista de Sangalhos)

        • Economia

        Assim, nos anos 20 e 30, Avelãs foi realmente uma das povoações do concelho de Anadia mais prósperas e abundantes no ramo industrial e agrícola.
        Alguns dos complexos industriais que ainda alguns habitantes se recordam foi a fábrica de papel, a das rolhas, a fábrica de pregos, de curtumes e carpintarias e que por tal razão deram a esta povoação uma grande projecção não só regional como até nacional.
        Destacava-se nesta freguesia como actividade a par da agricultura, a moagem de cereais (milho e trigo) existindo ainda há relativamente pouco tempo vários moinhos como: os moinhos das Nogueiras, da Rua, da Cobrada e do Moinho Novo, graças à situação geográfica que Avelãs possui e por se encontrar banhada pelo rio Cértoma e pelo rio da Serra da Cabria.
        Pena é, que aos poucos, tivessem deixado a sua actividade e como o tempo não perdoa, se tivessem degradado de tal maneira que hoje apenas existem as ruínas daqueles que outrora deram vida a esta terra desconhecida.

        • Desporto e Cultura
        No passado houve um grupo desportivo designado por “Amadores de pesca do Cértoma”
        Em 1931 foi criado o posto de Correio.
        Em 1948 foi criado o posto de GNR
        Em 1993 foi inaugurada a sede da Junta de freguesia.

        (Junta de Freguesia)

        - Casa do Povo:
        A Casa do Povo de Avelãs de Caminho sendo uma
        das mais antigas do País, foi construída com ajuda dos conterrâneos e beneméritos, residentes no Brasil- Gervásio, Ricardo e Adriano Seabra, e fundada por Alvará, de 11 de Maio de 1937. Foi inaugurada com a realização de um grandioso baile de gala organizado pela família dos beneméritos, destacando-se neste evento, a Senhora D. Angelina Seabra Pinto, senhora de grandes virtudes e elevadas qualidades morais e humanas.
        Começou a funcionar em 15 de Agosto de 1937, tendo à frente dos seus destinos, os irmãos Joaquim e Claudino Ferreira Pinto, que se dedicaram de alma e coração a esta iniciativa. O bem-estar dos seus sócios e seus familiares, foi sempre preocupação.

        - Associação Social Avelãs de Caminho: ATL; Creche; Lar de idosos


        - No ano de 1976 foi formado um Rancho folclórico e mais tarde organizou-se um “grupo de Coros e Cantares. Do Cértima”

        - Associação Cultural e Recreativa de Avelãs de Caminho:

        A"ACRAC "
        Associação Cultural e Recreativa de Avelãs de Caminho


        Poderemos dizê-lo, teve a sua nascença em Setembro de 1986, no adro da Igreja
        de Avelãs de Caminho, entre dois dos seus conterrâneos, Germano Santos e Ezequiel Cardoso, que, dada extinção da Junta Central das Casas do Povo, julgaram por conveniente ser de criar uma Associação ou algo parecido, em toda a população estivesse envolvida e que tivesse direito nos seus destinos. Assim e poucas semanas passadas e já com algumas ideias, foi feita uma reunião preparatória com mais
        elementos, tendo nessa reunião saldo directrizes que passaram pela convocatória de mais elementos e estudos do que se deveria levar a efeito.
        Embora inicialmente a Associação tivesse em vista o desenvolvimento das partes Social, Cultural, e Desportiva, foi esta última que teve o seu desenvolvimento, pelo que
        houve de imediato, tentar adquirir terrenos bem situados para o efeito, o que não foi tarefa fácil, de modo a criar-se um Complexo Desportivo, para nele ser instalado um campo de futebol, pista de atletismo, campo de ténis e outras actividades.
        Assim foram adquiridos terrenos nas matas, com a área de aproximadamente 30.000 m2, onde estão hoje edificados o campo de futebol, campo de tiro aos pratos - fosso olímpico - balneários e dois bares.
        Em virtude do desnível dos terrenos, houve necessidade de recorrer aos serviços da Câmara Municipal de Anadia. Bem hajam, pelo altonismo demonstrado.
        Foi também importante para a Associação, a instalação da água canalizada e a instalação de luz definitiva, obra que fica para o futuro, só possível no actual mandato. Foram igualmente adquiridos terrenos onde as Direcções seguintes irão certamente idealizar novos projectos.
        No capítulo dos fundos, por ideia de um dos membros e corroborados pelos restantes, foi criado um "Título de Participação" no valor de 1000$00 cada, os quais lançados
        num "porta a porta" dentro da freguesia, obtiveram um bom acolhimento recebido por todos.
        Embora a "ACRAC" fosse criada por escritura celebrada no dia 24 de Outubro de 1998, no Cartório Notarial de Anadia, a constituição dos seu primeiros Corpos Gerentes, teve o seu efeito no dia 13 de Março de 1987, data em que foi inscrito como Associação na INATEL.
        Tudo o que se encontra edificado, bem como os eventos realizados, nomeadamente campeonatos de futebol, passeios de ciclo turismo, sardinhadas, magustos, bailes e outros deve-se à carolice de todos os elementos das direcções que a seguir se mencionam, devendo acrescentar-se que nunca foram recebidos quaisquer com participações ou subsídios em dinheiro, vindo de entidades Estatais para a realização do já feito.
        Durante a sua vida teve seis Direcções, tendo tido como Presidentes
        António Albano Pereira dos Santos - 1987/1988
        Ezequiel Vieira Cardoso - 1989/1990
        Manuel da Silva Santos - 1991/1992 - e 1995/1996/1997 (parte),
        Albino Manuel Batista - 1993/1994
        e presentemente Manuel Ferreira da Costa - 1997/1999.

        In “Revista o nosso concelho 1998”


        • Educação:

        A Escola de Avelãs de Caminho data do tipo “Adães Bermudas” por onde passaram várias gerações de alunos e professores.
        Aqui funciona também um infantário.




        - Escolas de Avelãs de Caminho:

        As nossas Escolas fazem parte do muito que nós hoje somos, não podemos deixar de transcrever um apontamento do “ Papyrus” sobre “Personalidades Avelenses “, que diz.
        “ Destacamos nesta edição vários beneméritos que, por estarem ligados à criação e manutenção da Escola em Avelãs de Caminho, são dignos da nossa eterna homenagem. Falamos de António Ribeiro de Seabra, os seus sobrinhos Ricardo, Gervásio e Adriano, António Ferreira Pinto, Henrique Marques Moura e Vicente Ribeiro Sucena, entre muitos outros cidadãos anónimos. Graças a todos estes avelenses de prestígio e graças ao seu contribu­to, temos hoje na nossa povoação uma Escola Primaria, que gozou durante décadas de regalias que possibilitaram a instrução de centenas de pessoas, tendo sido decisiva para o desenvolvimento intelectual e cultural da população em gera!. Rezam as actas da Junta de Paróquia que, no dia 2 de Feve­reiro de 1902, foram dadas ofertas e donativos vários para a construção­ da Escola, que em 4 de Maio do mesmo ano, já se encontrava em construção. A obra, orçada em 700.000 reis ficou concluída a 14 de Fevereiro de 1906, tendo aberto inicialmente apenas para 0 sexo masculino. Foi deixada uma quantia de 400.000 reis como ren­da perpétua para a Escola. Mais tarde, deu-se continuidade a obra, construindo-se uma cantina onde as crianças carenciadas pudessem usufruir de alimentação equilibra­da, essencial para que lhes fosse possível aprender bem e garantir o seu crescimento saudável. Para além disso era-lhes fornecido graciosamente calçado adequado (a maior parte andava descalço) e material escolar, que não era possível ser adquirido pelos pais. Eram enormes as dificuldades por que passavam e todos os braços eram poucos para ajudar a família, regra geral bastante numerosa. 0 aparecimento da Escola veio trazer a pouco e pouco uma certa mu­dança de mentalidades:'
        Agarrando-nos ao texto, é oportuno lançarmos aqui um repto a quem de direito, para que o centenário das nossas Escolas, que já deveria ter sido feito, seja dignamente comemorado, pois não foram centenas de alunos que pelas suas salas passaram, mas sim milhares, dada a quantidade de anos decorridos, sempre com a lotação praticamente esgotada.
        . As nossas Escolas, conjunta­mente com os seus professores, foram e são um elo preponderante das nossas vidas, pois é ali que são iniciados os primeiros passos de cada um de nós, na senda dos que muito já foram, do que hoje somos e do que viremos a ser. Não vamos enumerar as 'pessoas importantes' que ali conheceram as primeiras letras, mas, sim, um todo de sabedoria que foi o 'motor de arranque' para que muitos de nós estejamos com dignidade na vida, 0 que a todos muito honra. Nos que na altura levámos algu­mas palmatoadas, que em alguns casos até foram bastantes, - Prof. Marcos Vidal e esposa Prof. a D. Maria - ao tempo, não nos po­díamos queixar de tal, muito em­bora elas, por vezes, ate doessem. Tais 'carícias' fizeram com que enfrentássemos a vida com hon­radez, dignidade e até amor pelo próximo, em contraste com muito da gente actual, que hoje tudo tem com uma facilidade de 'padrinhos, sem saber, contudo, 'quantos pães da uma alqueire', como naquela al­tura éramos obrigados a saber. É com bastante saudade, embora sacrificados, que hoje recordamos aqueles 'velhos tempos' e que hoje, a muitos tão bem fariam.
        Acrescente-se ainda que as nossas Escolas não ministraram os seus ensinamentos só à 'ra­paziada' de Avelãs, pois que nos lembremos, também que o 'pes­soal' de S. João da Azenha, Pereiro, Cerca, S. Pedro e alguns de Avelãs de Cima, de igual modo fizeram nela os seus estudos, tendo bene­ficiado do tudo que já dissemos atrás, incluindo as palmatoradas, pois em nada, os nossos professo­res faziam distinção.
        Iríamos longe, se aqui narrás­semos todas ou mesmo algumas das peripécias, por que passamos, mas isso terá que ser feito por his­toriadores, poisa nos, falta-nos 0 'fôlego' para tal. '" , .
        O tema das Escolas, que com gosto delas falamos; não e tudo o que queríamos deixar dito, pois com o 'agarranço ao mencionado pelo «Papyrus', há algo, pelo qual nos vimos a debater já algum tempo e que 'mexe' com a toponí­mia da nossa Freguesia.
        No «Papyrus", destaca-se o nome de alguns beneméritos da nossa terra, que muito contri­buíram para o que hoje somos, aos quais se devem juntar outros nomes:
        Na altura, não havia a tão falada democracia que há hoje, mas, em contrapartida, havia amor pelo próximo e pelo torrão natal que os viu nascer e do qual não se esqueciam. Foi dentro deste pen­samento que as pessoas referidas e muitas outras de menores recur­sos económicos, mas de elevada dignidade, conseguiram elevar o nome de Avelãs, bem alto.
        De todo o bem que tal gente fez, o que lhes demos em troca? Nada, nem sequer em qualquer sítio lhes demos os seus nomes.
        Está no nosso entender, mais que chegada a hora de se fazer justiça aqueles que contribuíram para o engrandecimento da nossa terra sem quaisquer fins de enalte­cimentos, mas sim e somente, pelo amor que nutriam pelo torrão onde nasceram.
        Sem desejarmos "meter o na­riz onde não somos chamados", pedimos a quem de direito e em especial - Junta de Freguesia e Assembleia de Freguesia, que as nossas ruas, hoje com denomina­ções que na maioria nada dizem ou significam para qualquer um de nós, que façam substituir as mesmas pelos nomes dos bene­méritos da nossa Freguesia, que até são muitos, honrando-os per­petuamente. Eles, embora não 0 peçam, merecem-no, pelas mais variadas razões.
        Não vamos mencionar os nomes, de tais beneméritos, pois isso cabe aos órgãos competentes, podendo sim, se a isso formos chamados, indicar os nomes de alguém que poderão prestar a sua colaboração no melhor sentido.
        Queremos ainda deixar dito que o presidente da actual Junta, por ter laços de sangue com alguns dos beneméritos, não se deve quedar com tal facto, pois o que esta em causa não é honrar familiares, mas, sim, prestar homenagem a todos aqueles que, como já 0 dissemos, contribuíram para que Avelãs, seja hoje o que é, para bem de todos nós.
        A terminar, só uma pequena nota respeitante aos nomes dos beneméritos indicados pelo "Pa­pyrus': onde e referido o nome de António Ferreira Pinto, nome este que, dentro dos nossos conheci­mentos e depois de indagarmos, não conseguimos encontrar como benemérito tal nome. Cremos tra­tar-se de um lapso de nomes, pois houve isso sim e foi considerado um benemérito, Joaquim Ferrei­ra Pinto que, conjuntamente com sua esposa D. Angelina, mataram a fome a muita gente, ajudando-os com a oferta de dinheiro, roupas e outros. A nós, coube-nos o recebi­mento de livros, cadernos, lousas, ponteiros, canetas com aparos, lápis e borrachas.
        Esperamos sermos ouvidos.
        • Ezequiel Cardoso

        Jornal da Bairrada Nº 1865 de 11/10/2006 p.33

        • Saúde

        Avelãs possui uma farmácia – Farmácia Rangel umas das mais antigas da região, data do fim do século XIX (1870/1880)

        • Festividades

        O padroeiro da freguesia é Stº António, festejado anualmente com grandiosos festejos.
        Também em tempos remotos parece ter-se realizado festa anual nesse mesmo dia 13 de Junho.

        • Figuras Célebres

        Não se pode deixar de fazer referência a algumas figuras (beneméritas) da nossa terra que muito contribuíram para o seu engrandecimento e desenvolvimento cultural.
        Foram eles, António Ribeiro de Seabra e seus sobrinhos Ricardo, Gervásio e Adriano Seabra.
        Graças a estes filhos da Terra, e devido ao seu poder económico, Avelãs foi beneficiada com certas regalias das quais bem se pode orgulhar.
        Foi o benemérito António Ribeiro Seabra, cujo busto se encontra na Escola, que deixou uma determinada quantia à Escola (renda perpétua) para a caixa escolar que durou até aos nossos dias. Depois os sobrinhos, Gervásio, Ricardo e Adriano deram continuidade à sua obra.

        • Rio Cértima

        O rio Cértima , sub-afluente do rio Vouga; nasce na Serra do Buçaco, ligeiramente a Sul da Cruz Alta, a uma altitude de 380m e percorre uma distância de aproximadamente 43km, na direcção geral Sul-Norte, atravessando quatro concelhos: Mealhada, Anadia, Oliveira do Bairro e Águeda, até desaguar no Rio Águeda, nas imediações da ponte de Requeixo, não sem antes atravessar a Pateira de Fermentelos.
        Os seus principais afluentes da margem direita são: Rio da Serra da Cabria (que desagua nas imediações de Avelãs de Caminho) e o Rio da Serra, propriamente dito, (que desagua perto de Mogofores; os afluentes da margem esquerda são: o Rio Levira (que desagua junto a Perrães), a Ribª da Lendiosa que se vai juntar à Ribª de Canelo e o Rio da Ponte (que vai desaguar nas imediações de Vimieira), contribuindo para o engrossamento do Cértima.
        O nome do rio (designado de Cértoma até Avelãs de Caminho) é de origem celta.
        No entanto, existe uma lenda que conta que um dia, quando a rainha Santa Isabel se dirigia a Santiago de Compostela em peregrinação, ao passar por estas paragens sentiu sede e pediu água aos seus vassalos. Estes logo correram ao rio, provaram a água e, ao voltarem com uma vasilha cheia, preveniram a rainha de que a água não era boa. Contudo a rainha bebeu dela e, não tendo gostado, no fim terá dito "Certo má" (Certoma).

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